quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Silêncio Gritante




Minha esperança era que realmente as coisas dessem certas enquanto a experiência do meu jovem aluno era aprovada na frente de todos aqueles antigos Mestres da Magia.

Pela primeira vez as regras da magia pareciam injustas comigo; Mickaes havia sido o primeiro aluno com quem tive verdadeira afeição e amizade. Desde que ele fora enviado para minha casa, sempre esteve disposto a aprender todos os tipos de conhecimentos que eu poderia oferecer.

O Teste era a única forma para que nós recebêssemos o título de Mago.

No Teste o aluno deveria apresentar um novo encantamento ou poção. E a pesquisa foi feita conforme as regras, secretamente. Ou seja, eu sabia tanto sobre o trabalho quanto os Mestres.

Mickaes foi para o centro do salão, de onde poderiam julgá-lo melhor.

Tonjestomya, ele invocou.

Nada aconteceu, aparentemente, até que um dos Mestres tentou falar, mudo.

Os demais se levantaram dos tronos, mas como o único método de usar magia era falá-la estávamos sem ação.

Primeiro senti minha força sendo sugada para Mickaes. Depois a inexistência de som enquanto tentávamos reverter aquela armadilha criada para nos destruir.

A última coisa que senti foi minha vida indo para dentro dele.

Maldito, tentei gritar, morrendo.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ponto Final



Com os pés cozinhando no asfalto, as mãos sobre a calça jeans e com os olhos quase cegos pela luz que ofuscava todo o deserto, Luciana declarou:

“Você morre aqui.”

“Não, este não é o fim para mim.”, ela ouviu claramente a outra responder.

Ao se olhar para trás o rastro de destruição era impressionante. O cheiro ferroso presente no sangue humano estava em todos os lados.

“Eu me arrependo de seus atos.”, disse Luciana com os olhos marejados.

“Me arrependo de não ter feito isso antes.”, disse a outra.

As lembranças de Luciana eram sombrias. Pedaços de carne, membros soltos. Explosões consecutivas causadas com facilidade e um sentimento de vazio enquanto os crimes eram praticados. Toda a pequena cidade em que morava, agora era ruína e fumaça, abandonada no fim da estrada em que estavam.

Luciana foi até a borda do asfalto e juntou a arma que havia sido jogada ali enquanto lutava com a outra. Sua mão tremia, mas estava convicta, antes que a história se repetisse em outro lugar.

Mirou e puxou o gatilho.

Duas almas dentro de um mesmo corpo, agora morto. Este era o ponto final.