O Silêncio das Mariposas (Editora Multifoco, 2010), escrito em seis meses pelo jornalista Juliano Schiavo traz consigo um forte traço das obras de Anne Rice, seja por manter as mesmas características mitológicas do mito vampiro ou pela personalidade profunda e filosófica dos personagens. Pode ser vista como falta de criatividade por alguns ou como uma homenagem sincera por outros.
A trama em si é um longo desabafo de um personagem sem nome ou sexo. Sem modéstia o narrador fala da sociedade e de ações incômodas por quais todos passam para poder agradar aos próximos e tornarem-se amáveis de uma maneira totalmente falsa. Esse é, talvez, o melhor ponto do livro.
O protagonista é transformado em vampiro durante um baile de máscaras pelo irresistível Lúcio. Daí em diante a história passa por ciclos cansativos em que a nova criatura tem sonhos aparentemente indecifráveis, mas que se mostram reflexos ou memórias de pessoas que marcaram sua vida mortal e que agora ele deseja experimentar o sangue, já que junto com este, pode absorver emoções e sentimentos.
O relacionamento com Lúcio é extremamente paterno e sexual, modelado por tons de sentimentos que o leitor não consegue compreender totalmente. As mariposas do título são símbolos de uma angustia profunda que persegue o vampiro tanto na mortalidade, quanto na imortalidade. Angústia e melancolia talvez definam a única maneira de ver o mundo através desse livro.
As 214 páginas deste tomo mereciam uma maior atenção editorial, assim como de copidesque. Um exemplo disso é a repetição exaustiva do adjetivo andrógino cada vez que Lúcio está em cena ou falhas gramaticais.
Para aqueles que esperam as grandes perseguições ou romances “sangue-com-açucar” da modinha, não é um bom título.
Um comentário:
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