quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ponto Final



Com os pés cozinhando no asfalto, as mãos sobre a calça jeans e com os olhos quase cegos pela luz que ofuscava todo o deserto, Luciana declarou:

“Você morre aqui.”

“Não, este não é o fim para mim.”, ela ouviu claramente a outra responder.

Ao se olhar para trás o rastro de destruição era impressionante. O cheiro ferroso presente no sangue humano estava em todos os lados.

“Eu me arrependo de seus atos.”, disse Luciana com os olhos marejados.

“Me arrependo de não ter feito isso antes.”, disse a outra.

As lembranças de Luciana eram sombrias. Pedaços de carne, membros soltos. Explosões consecutivas causadas com facilidade e um sentimento de vazio enquanto os crimes eram praticados. Toda a pequena cidade em que morava, agora era ruína e fumaça, abandonada no fim da estrada em que estavam.

Luciana foi até a borda do asfalto e juntou a arma que havia sido jogada ali enquanto lutava com a outra. Sua mão tremia, mas estava convicta, antes que a história se repetisse em outro lugar.

Mirou e puxou o gatilho.

Duas almas dentro de um mesmo corpo, agora morto. Este era o ponto final.

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