Suicidas é um uma cereja – deliciosa - de alta qualidade sobre a maioria das obras produzidas sem cuidado editorial no país. Qualidade literária de um autor iniciante abaixo da linha do Equador é um colírio nos olhos de qualquer leitor.
O ponto de partida para o livro é o mistério envolvendo o suicídio de nove jovens cariocas, os motivos individuais e do grupo são trabalhados com cuidado ao longo das 487 páginas.
Três linhas narrativas diferentes são usadas para contar a história e manter a trama no ritmo perfeito de pageturner. Alessandro Parentoni é o personagem responsável por direcionar o leitor através suas anotações anteriores à roleta-russa e com seu livro que narra os acontecimentos dentro do porão onde os corpos foram encontrados, a terceira narrativa vem das gravações realizadas pela delegada Guimarães com as mães dos suicidas durante uma longa entrevista realizada um ano após o suicídio.
Seguir sob uma narração bem feita em primeira pessoa é muito bacana dentro de livros policiais, permite acreditar e ver somente o que o narrador diz, criando assim milhares de outras peças para o quebra cabeça fora desse ponto de vista.
Todos têm segredos e a juventude ainda sofre com tabus que lhe cercam diariamente, em qualquer canto do planeta independente da classe social ou religião, e não é diferente com os personagens que decidem deixar esse mundo de forma repentina.
Raphael deixa claro que ninguém conhece realmente ninguém e mistura temas ainda evitados no século XXI, tais como bissexualidade, Síndrome de Down e psicopatia por si só.
A obra parece uma versão atual e melhorada para – o clássico, o amado, o aclamado! - O caso dos dez negrinhos na escrita inteligente de Martin Amis, invertendo os subgêneros dentro da secular arte da literatura de mistério. Qualidade e diversão garantida.
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