No mar de Escorpião existe uma ilha, no mês de novembro cavalos mágicos surgem do oceano para o bem ou mal dos moradores...
"Os cavalos d'água são famintos e maus, violentos e belos, amam e odeiam cada um de nós."
A autora baseada na lenda irlandesa-escocesa dos capall uisce (O Brasil tem essa versão também, o boto cor-de-rosa que se transforma em homem) utilizou alguns aspectos da história em um cenário simples para compôr uma intriga interna entre dois personagens principais não muito diferentes.
Sean e Puck são os protagonistas e também os narradores. Ambos, infelizmente, não convencem o leitor e nem possuem uma linguagem diferente para descrever as situações, que são realizadas cronologicamente.
Puck é uma jovem com dois irmãos, órfãos. Decide participar da Corrida de Escorpião para manter seu irmão por mais um tempo morando na ilha, coisa que desde o princípio é obviamente desnecessária e tola para o leitor e qualquer outro personagem fora de sua pele. Lá pelo meio da história ela se dá conta disso, mas pretende participar mesmo assim .pelo prêmio em dinheiro, já que a casa onde mora está prestes a ser tomada pelo credor.
Sean já ganhou a Corrida de Escorpião quatro vezes - das seis em que participou - e sabe que correr com capaill uisce é uma coisa perigosa e mágica. Ele precisa do dinheiro e da vitória para poder comprar seu cavalo, Corr.
De um lado um vencedor experiente com seu capaill uisce e do outro Puck com sua égua normal, Dove.
A autora não soube trabalhar a narração dos personagens, muitos capítulos são diferenciados apenas porque começam com o nome do narrador, ritmo, vocabulário e personalidade se confundem o tempo todo. Em compensação não caiu na febre da literatura Young Adult em colocar a jovem dividida em duas paixões másculas, sobrenaturais e com barriga de tanquinho.
Puck sofre com o machismo por ser a primeira mulher a se inscrever na Corrida e Sean sente a cobrança de ser um vitorioso solitário. Um romance entre os dois era inevitável desde o início, mas consegue se manter saudável e dentro dos limites de um livro de ação.
Qualquer comparação com Jogos Vorazes é inútil apesar da proposta: Algumas corridas são feitas para vencer. Outras, para sobreviver.
Poucos capítulos não são cansativos, chegar ao meio do livro foi um trabalho lento e talvez desse ponto em diante é que a escritora consegue, desculpe pela expressão, tomar as rédeas e mostrar o que pretende fazer com a trama.
Minha principal intenção ao ler A Corrida de Escorpião era entender mais o amor aos cavalos e um funcionamento de um haras. Em nenhum me senti satisfeito. Se o livro deixou na mão em muitos aspectos, pelo menos ensinou uma verdade que talvez muitos jovens venham a aprender: Nada é completamente inofensivo.
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