sexta-feira, 12 de março de 2010

Resenha: Os dias da peste


Um segredo: Na maioria das histórias de ficção-científica, para mim era comum ter que voltar alguns trechos para entender completamente o significado da passagem.
Neste livro não foi necessario voltar nenhuma vez.

Decidi ler o livro de Fábio Fernandes depois de ler o conto A Biblioteca no Fim do Mundo, que de certa forma se encaixa nesta utopia distópica ou distopia utópica...
A obra trabalha a partir do ponto de vista do personagem principal, Artur. Professor universitário e técnico em computadores.
Artur nos narrar através de um diário hibrído, um blog e podcasts os acontecimentos do mundo.

O diário hibrído é parte de um blog e parte papéis com anotações. Nele Artur faz sua apresentação, visão de mundo e os acontecimentos do ano 2010, onde aparentemente um vírus faz com que os computadores mantenham-se ligados mesmo sem estarem na tomada ou fazerem outras coisas anormais.
O blog narra os eventos de 2013 e as mudanças que o mundo sofreu depois do Despertar em 2010, o evento que fez com que as máquinas tivessem adquirido consciência. Agora os humanos se reportam a elas como Inteligências Construidas, em certos aspectos elas lembram os daemons criados por Philip Pullman, já que ficam com os donos dos objetos onde despertaram.
2016 - Os podcasts são narrados por um Artur diferente do começo, agora ele é um tecnoxamã. Trabalhando para uma empresa e é responsável por cuidar de pessoas "infectadas" por um vírus capaz de apagar a memória dos humanos. Sim, a humanidade parte para um futuro onde pode-se armazenar a inteligência construida em um dispositivo colocado dentro do crânio.
No fim do livro o conceito de nanotecnologia começa a espantar o leitor mais observador para um perigo comum. Máquinas usando nossos corpos para viver...

O princípio do livro é que estamos no ano de 2109 e que Dias de Peste é na verdade uma coletânea de informações de um passado muito diferente escritos por Artur. Os rodapés durante grande parte da obra são como links para informações estranhas como gírias e personagens que nunca ouviram falar.
Conforme o livro avança a angústia vai tomando conta dos leitores que não se veem sem a tecnologia atual (como eu :p), mas links tiram boas risadas tentando decifrar coisas comuns para nossos dias.
Fábio Fernandes é um professor(e tradutor de Laranja Mecânica entre outros, morram e inveja!) a obra deixa isso transparecer com facilidade, ela é recheada de referência cyberpunk, literárias, histórica e pop. Ele trabalhou muito bem com a sociologia, ciência e religião sem ser cansativo(meu professor de Fundamentos Sócio-Antropológico irá se apaixonar por um trechinho da página 104 sobre os nativos da internet).
Parábens ao escritor, que venham os próximos livros!


Os dias de peste
Fábio Fernandes
Editora Tarja Editorial
184 páginas.

3 comentários:

Fabio Fernandes disse...

Alex, muito obrigado pelos comentários generosos e instigantes. Acho que você é o primeiro leitor de Os Dias da Peste que leu A Biblioteca no Fim do Mundo primeiro - isso é muito interessante; vou querer bater um papo com você depois sobre isso.

Só uma correçãozinha, se você não ficar chateado: mais para o final, quando você diz que a história é contada a partir de 2019, na verdade é 2109, lembra? (erro de digitação, eu sei como é - se tivéssemos ICs elas não deixariam isso acontecer... ;-)

Fabio Fernandes disse...

E sim, os próximos já estão a caminho. Estou terminando de escrever a continuação, Os Anos de Silício, que será lançado no segundo semestre, e já tenho umas 40 páginas do volume 3 (este ainda sem título, com previsão de lançamento para 2011).

Juliano Schiavo disse...

Vai pra minha lista de leitura. Mas por enquanto, to enrolado (mto enrolado) com conceitos de zoologia tsc tsc tsc