segunda-feira, 22 de março de 2010

Annabel e Sarah, de Jim Anotsu

Não vou dizer que a capa tem muito estilo e o projeto gráfico teve sucesso na originalidade. Mas, oh, já disse.

Vamos aos pormenores. Annabel e Sarah são irmãs gêmeas que moram em Londres, filhas de pais separados. Annabel mora com o pai, um cinegrafista. Sarah mora com a mãe, uma cirurgiã plástica.

Annabel pinta o cabelo de preto, usando repicado. Prefere calças jeans e tênis All Stars. Enquanto Sarah é loira, doce e chega a pingar açúcar.

O autor não aprofundou muito a personalidade dos personagens, mas eu não o culpo. Descobri que o livro tinha o intuito de atingir as crianças de 10 anos. Mas ficaria muito melhor se no fim sentíssemos um forte apego por certo personagem, isso poderia ter sido feito nas primeiras páginas da obra em que o ritmo da fantasia não tinha aparecido ainda.

Sarah é puxada para dentro de uma Tv por duas mãos. Annabel vai ao seu encontro.

Com a promessa de que terá sua irmã de volta se encontrar a Flor Amor Perfeito e entregá-la para a misteriosa Estrela-da-Manhã.

A ironia

”A moda atualmente é o escárnio sutil. Se por um lado não é muito diferente do escárnio habitual , por outro tem uma sonoridade mais agradável...”(pg.14)

O livro tem bons momentos de ironia e respostas nada sutis, na realidade as crianças que aprenderem com Annabel essa arte, estão em boas mãos.


A rede invisível de alusões


Para os mal avisados,passará sem ser notados todas as homenagens descaradas que autor faz. Nãoacredito que ele teve a intenção se fazer parecer com Alice do famoso Carrol. Para os bibliófilos é comum fazer comparações com outras obras, mas isso cai por terra bem rapidinho.

Jim Anotsu conseguiu ser muito eficiente em fazer um mix com música, literatura e mistério.

Enquanto Sarah vai parar em uma cidade chamada Allegria onde as pessoas comem uma torta de morangos para ficarem felizez (ok, isso soou um pouco da Soma de Aldous Huxley, mas vai dizer que não conhece ninguém que toma antidepressivo?!), o fato é que Allegria vai tornando-se um antro de angústia tanto para Sarah quanto para o leitor. Afinal, chorar e reclamar é uma coisa muito boa e ser feliz o tempo todo é ruim.

Antes de saírem do mundo real elas compram biscoitos da sorte em uma caixinha em forma de coração, o título do capítulo é Caixa em forma de coração(Ouçam a música do Nirvana, Heart Shaped Box)

Annabel, por sua vez, vai para em uma cidade chamada Keurouac(homenagem ao autor Jack Keuroac?, autor do conhecido On the road), onde os seres humanos são vistos como selvagens ou alimento. Os animais falam e agem como humanos, ela encontra o simpático Dean Chinaski, a raposa que a leva até Op Spade, um lobo detetive.

"A mesa estava abarrotada de pastas amareladas e havia uma estátua de falcão feita de obsediana."(pg.62)

O Falcão Maltês é um livro obrigatório para todos os fãs de literatura policial, escrito por Dashiell Hammett que nos apresenta o detetive Sam Spade.

O cinema também está presente no capítulo Corra, Sarah! Corra!. A ssistam o filme Corra, Lola, Corra.


O autor deve ter tido algum trabalho ao conseguir equilibrar a mesma quantidade de ação em ambos os capítulos, já que um nos leva ao ar noir e investigativo de Keuroac e o outro para a colorida Allegria.


Por fim digo: A originalidade do autor brasileiro que usa o psedônimo de Jim Anotsu será muito bem vinda em um próximo romance. Torço que mais adulto! Palmas.

4 comentários:

Ramiro Catelan disse...

Eu simplesmente adorei o livro! É divertido, inteligente, leve, irônico e recheado de referências à cultura pop. Não vi problema no fato de os personagens serem planos - acho que não era a intenção do autor aprofundar as personagens. A ressalva fica no pouco cuidado dispensado ao português - o texto carece de uma boa revisão. Mesmo assim, o resultado acaba sendo satisfatório. Espero que o Jim nos mostre trabalhos (ainda) melhores no futuro.

E gostei da tua resenha, Alex, peguei poucos erros na estrutura das frases. Keep the evolution!

Tibor Moricz disse...

O texto saiu em escrita cuneiforme no meu monitor.

Heidi Gisele Borges disse...

Adorei a resenha! Me deixou ainda com mais vontade de ler esta obra.
Até agora, não vi nenhuma crítica negativa!

^.^

Matheus A. Quinan disse...

Ótima resenha, Alex!
Achei alguns erros de digitação, mas nada que prejudique o valor do texto. De qualquer maneira, eu acho, é bom dar uma olhada.
E ainda vou ler esse livro!
Abraço!