Uma garota chata
melancólica muda-se sem a mãe para uma cidade pequena (fria, nublada e
bucólica) nos Estados Unidos onde criaturas lendárias vivem escondendo-se do
resto da civilização. É, você já viu essa trama antes em outros incontáveis
livros Young Adult de autor@s que seguiram os passos da Saga Crepúsculo, mas
diferente da história criada por Stephenie Meyer, essa não funcionou.
Zara White é uma jovem que aprecia decorar o
nome de todas as fobias existentes, tendo em mente que quando você coloca o
nome em algo, isso fica menos assustador. Seu padrasto acabara de falecer e
para que não acabe entrando em uma depressão ela é enviada pela mãe para morar
com sua avó Betty.
O
contexto órfão/cidade nova, usado por muit@s escritor@s para colocarem a
sensação de ‘não pertenço a este lugar’, comum para qualquer jovem – leitor ou
não – é usada de forma errada porque a protagonista é cansativa e todos os
personagens secundários parecem a mesma pessoa com a voz igual nos diálogos.
As criaturas da vez são
metamorfos transmorfos, lobisomens, Raul Seixas e pixies. Pixie é uma
espécie de fada malvada cuja mitologia a autora trabalhou de maneira tão
malfeita que no fim não passam de vampiros disfarçados. Aparentemente o rei dos
pixies vampiros que soltam pó dourado igual a sininho e caminham na luz do
sol perdeu sua rainha e está seguindo Zara, enquanto isso jovens
desaparecidos na cidade servem para
saciar a sede de sangue do rei e de sua corte assustadora. As únicas defesas de
Zara são o ferro e os metamorfos, protetores naturais dos humanos, blábláblá já
vi isso antes.
Posso
ser chato, mas já vi fadas muito mais originais – Tithe – Fadas ousadas emodernas, Holly Black - ou metamorfos mais legais – Os Instrumentos Mortais,
Cassandra Claire.
Não
só nas coisas inexistentes a autora é restritiva, mas também nas coisas reais
como a Anistia Internacional, a ONG que Zara faz parte. Acredito que uma
pesquisa mais profunda não faz mal pra ninguém. Outro ponto cansativo é a
homenagem que a autora faz para Stephen King, tudo bem que ele é reconhecido
mundialmente e nasceu no mesmo estado que ela, mas tem um ponto em que parei e
pensei: Ok Carrie, já entendi que você é
fã dele, pode prosseguir. Grato.
A autora coloca
coisas óbvias para o leitor e demora páginas desnecessárias para reafirmar
certezas explícitas MENOS para a narradora songa-monga. Esse mesmo
problema fez com que eu odiasse a série Fallen.
Como
consumidor tenho um ponto bem negativo para falar quando lembro da Editora
Underworld, a preocupação com o design parece muito mais importante que a
responsabilidade sobre a tríplice tradução/revisão/copidesque. Já deixei de ler
a versão nacional de Frente de Tempestade por encontrar erros na primeira
página do livro... e por aí vai.
Segue
um dos exemplos menos prejudiciais de todo o tomo: “Ah-ham.” Dou um segundinho antes de continuar a falar, porque eu sei
que deve ela deve estar...
O
livro tem um fim bacana, original OBRIGADO CTHULHU. Mas é o fim do
começo, já que é uma série que não pretendo continuar lendo. Posso ter
sido extremamente crítico e deixado de aproveitar a diversão sem compromisso
que talvez fosse o interesse final, mas no meu atual perfil de leitor, ‘Instintos
Cruéis’ não foi uma obra agradável e sim cansativa.